Ex-presidente afirma que brigas políticas e vaidades pessoais acabaram com a Coopará

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Com suas atividades paralisadas desde, o mês de junho de 2022, a tradicional Cooperativa dos Produtores de Leite de Pará de Minas, (COOPARÁ) parece ter chegado ao fim de sua existência de mais de 70 anos, pelo menos no modelo atual de empresa cooperativista. A cooperativa enfrenta uma de suas maiores e preocupantes crises financeiras de sua história.
Diante do sério problema uma assembleia extraordinária foi realizada em julho, neste encontro o Conselho Administrativo da Cooperativa dos Produtores Rurais de Pará de Minas (Coopará), autorizou a venda de um dos imóveis que ela possui no município para viabilizar o pagamento de parte da dívida.
Mergulhada em uma preocupante crise financeira, sufocada pela falta de crédito na praça, ausência de capital de giro e, principalmente, do leite in natura, a Coopará foi obrigada a suspender as atividades do laticínio. Com isso, produtos como queijos, requeijão, doce de leite e bebida láctea desapareceram do mercado.
Com a venda de alguns dos imóveis de sua propriedade, a Coopará amenizaria a situação limpando o nome e ainda formaria um capital de giro para a retomada do laticínio. O Conselho Administrativo só não abre mão da sede, que fica na avenida Presidente Vargas, ocupando um quarteirão que, pelo valor de mercado, ela estaria valendo hoje cerca de R$40 milhões.
A diretoria da Coopará está trabalhando na tentativa de controlar a situação financeira com outros imóveis. A cooperativa possui três lotes no bairro Senador Valadares, mais um nas proximidades da Itambé e um apartamento em Belo Horizonte.
Existe também a possibilidade de venda da fábrica de ração, que foi montada dentro das exigências do Ministério da Agricultura. A fábrica ocupa uma pequena parte da sede, no bairro São Francisco.
A Coopergranel também tentou ajudar e fez de tudo para resolver definitivamente a situação financeira da Coopará, mas sua tentativa fracassou. Além de adquirir dois imóveis, cujo dinheiro foi usado na quitação de dívidas mais urgentes, a Coopergranel tentou reativar o laticínio, mas não conseguiu.
De acordo com fontes seguras, normas do estatuto impediriam pelos próximos cinco anos a captação do leite in natura que chegaria das fazendas e sítios dos produtores associados à Coopará.
Diante deste contexto, as negociações voltaram à estaca zero, ou seja, a Coopergranel se afastou do processo e a Coopará continua em busca de parceiros. Com mais de 70 anos de mercado e uma linha de produtos muito bem aceita pelos consumidores, a cooperativa de leite de Pará de Minas vive a sua pior crise financeira.
O laticínio está parado, a loja de conveniência fechada e no imóvel, que ocupa um quarteirão da avenida Presidente Vargas, só trabalham alguns funcionários, caso dos porteiros e outros no setor administrativo e financeiro. Com dívidas ainda junto aos bancos e enfrentando a desconfiança do mercado financeiro, o que impossibilita novos financiamentos, a Coopará está à espera de um investidor.
Mesmo endividada a Coopará tem patrimônio imobiliário, mas neste momento ela precisa mesmo é de dinheiro em espécie. Seriam necessários cerca de R$5 milhões para negociação com os bancos, embora a dívida seja maior. O ex-presidente da cooperativa Milton Henriques Guimarães, lamenta a situação que está vivendo a Coopará e no momento não está otimista quanto a retomada das atividades:

Milton Henriques Guimarães


Para quitar os salários dos funcionários ainda na ativa, a Coopará está se valendo dos alugueis das lojas onde funcionavam a conveniência, o supermercado e a fábrica de ração. A diretoria também chegou a colocar à venda o grande imóvel da Presidente Vargas, pelo valor de R$25 milhões, mas não surgiram compradores. Caso isso tivesse acontecido, ela mudaria a estrutura do laticínio para outro local.